quarta-feira, 29 de outubro de 2008

o murro na ponta da faca

A mão esquerda vai cair. Ela vai. Estou sentindo. A dor deve ser uma necrose qualquer que ninguém sabe, uma necrose alien como os aliens de Giger. E um dia ela vai cair. E o que vou colocar no lugar? Um gancho.

E o gancho aqui é: doerá a mão esquerda em sua titilante tendinite por conta de estar esmurrando a ponta da faca todos os dias, durante as mesmas bat-horas no mesmo bat-local? Há quem diga, 'fulano cansou de dar murro em ponta de faca'; vos digo: esta fulana aqui também cansou. Mas o circo dos horrores ainda paga melhor do que qualquer outro lugar, e quem escolhe ser mãe de uma família sem pai precisa saber que está muito mais sujeita a esmurrar facas do que a arremessá-las.

Enquanto as mãos doem, faço planos, planos concretos. Remo nos porões das galés. Para parar com essa vida circense recheada de engrenagens ávidas por mastigá-lo inteiro. Um circo que não sai do lugar e de que você tampouco sai.

Pague para entrar. Não reze para sair, porque não adianta.
A mão amiga é essa mesma aí, gauche na vida e com tendinite. Mas ela é sua e por isso você sabe que pode confiar.

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