quinta-feira, 25 de setembro de 2008

preguiça demais

vim aqui pra escrever mas me deu uma preguiça tão grande mas tão grande que não vou nem colocar ponto nem maiúscula nem nada e nem assuntar sobre coisa alguma só dizer que as férias acabam amanhã e isso é suficiente para justificar toda uma preguiça embora eu seja uma preguiçosa de carteirinha e não precise de nada para justificar minha leseira era isso perdoe a preguiça alheia e tenha um bom dia sem ponto final

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

sorrindo silenciosamente

Tenho um filho que cresce e se descobre homem embora ainda menino. Passo pela frente do colégio dele na hora do intervalo, não porque seja uma stalker de filho, mas porque estou em férias e resolvi voltar caminhando do compromisso no meio da tarde, e ver o sol e o vento brincando no cabelo das pessoas, tudo o que olho da janela do trabalho e queria estar aproveitando - pois bem, aproveitei. Aproveitei também para ver os jovens reunidos na frente do colégio. A juventude, com suas modas supostamente extravagantes que em verdade são uma amálgama semi-aleatória de uma série de conceitos desfilados desde os anos 50. A juventude e seu aroma hormonal intenso misturado com o cheiro de leite que vai se evaporando devagar, junto com a infância. A juventude e os sorrisos, a beleza intensa e incomparável de estar florescendo, as descobertas, os olhos brilhantes e tanta, mas tanta insegurança. A juventude e seus medos e a maravilha de estar vivendo tudo pela primeira vez, como se o mundo estivesse nascendo agora. E está.

A maravilha da juventude é que ela traz o novo nos olhos. Aos trinta e tantos anos, há muito já sei que não há nada de novo sob o sol. O novo está nos olhos de quem vê, e o fato é que precisamos de muitos olhos novos, de muita coragem indômita porque inocente, naïf, primitiva. Precisamos que acreditem, que revolucionem, que encontrem novas formas de fazer tudo isso que é velho e empoeirado a séculos sob esse sol milenar que mata todas as perguntas. Precisamos que nos consolem da nossa finitude, nos assegurem que o trabalho não foi em vão e que ao menos as idéias permanecerão - poderão ser discutidas, negadas, rechaçadas, mas estarão presentes.

Caminho por entre a nuvem de jovens, imersos em seu recém-nascido mundo, que cheira a leite e hormônios, como eles. Um mundo louco de vontade de viver e sentir e criar, um mundo pronto para quebrar todas as regras que precisarem ser quebradas. Não consigo evitar o sorriso ao atravessar o delicioso e admirável mundo novo que acabo de vislumbrar: a jovem de dezesseis anos bem escondida aqui dentro reconhece-se em seus iguais e grita que SIM! É POSSÍVEL! e sempre será tempo.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Kaddish



Depois de assistir Ensaio sobre a Cegueira, a única coisa que conseguiu me consolar.

Acho que nunca vou entender o que é ser humano. Assola-me essa combinação agridoce e amarga de doçura e fúria, de redenção e perdição. O paradoxo humano me assusta, porque é praticamente a única coisa humana na qual me reconheço.

Para mim, para você, para eles. Para nós. Kaddish. Perdoaimo-nos uns aos outros, porque, em verdade, não sabemos o que fazemos.
Ou sabemos até demais, o que dá no mesmo.